domingo, 6 de março de 2011


Me esqueci, nestas vagas de vento que me perturbam o rumo e encaracolam as forças. Navego sem água, voo sem asas, conduzo sem destino neste mar amplo, raso e delirante.
Os meus olhos não avistam um porto, qualquer outra enseada onde a ânsia descanse. No olhar só tenho ondas e inundado percorro-as na lente de um horizonte. Esqueci-me do quadrante.
Faço remos dos meus braços, de velas encho o peito; Sou timoneiro da minha aflição. Estupidez, navegar onde penso ser mar e nem sequer tenho embarcação.
Esqueci-me das gentes, dos seres que tanto me fazem padecer; Também das minhas convicções, outrora chamadas de razões e onde camufladas escondi uma mochila imensa de ilusões. Andar aqui, à deriva, é uma sofrida negação.
Os meus olhos avistam um mar, imenso de oportunidade; Do meu peito sai um grito mudo porque se sente privado de honestidade. Ainda que sem armas, embarcação, rumo ou condição, não sei como, permaneço a navegar.
Vou para lado nenhum, onde o chicote dos dias não me castiga a vontade e não tenho que mostrar compatibilidade. A minha convicção é concebida pela teimosa noção de que ainda que verde tenho condições para navegar. Mas isto o que avisto não é o mar.

2 comentários:

  1. "...Os meus olhos não avistam um porto, qualquer outra enseada onde a ânsia descanse..."


    Somente assim para entrar um pouco na sua alma, sem invadir não é mesmo?

    Me revela o que todos estamos buscando, podemos rir, mas somos melancólicos a maior parte do tempo.Vivemos, trabalhamos,compartilhamos,sentimos cansaço,sono, fome... nos encontramos em abraços mas nos perdemos por não saber o que queremos, sentimos prazer mas logo esvaziamos...deserto.
    Esse mar que é apenas uma pintura morta na parede do nosso quarto nas noites em que ficamos cegos.Esse mar que temos que nadar para chegar e nunca chega. Esse mar que é azul da paz, mas também é verde que trai.Esse mar que não tem cor, que é feliz, e que também pode nos engolir.
    Isso é a vida.
    E todo esse gritar das suas palavras,me lembra de que sou feita... e de que estamos crescendo.
    Inevitavelmente, crescer dói muito.
    Essa reflexão é fome de vida, é confronto,é guerra declarada.
    Acho que começamos a sair da euforia, de encontro a uma realidade que nos força a caminhar, mesmo que sem armas, rumo ou embarcação...

    Que Deus te ilumine mais e sempre, e que possas encontrar não um mar verde e nervoso, mas um rio de águas doces para chamar de seu.
    E que, mesmo navegando,exista um porto onde esteja seu coração em paz!

    Com Carinho

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  2. Nani...fazia tempo que não postavas hein?
    ...rsrs...consegui enxergar você por dentro.
    Que nessa sua batalha com esse mar em fúria, você sai vencedor...eu acredito em você!
    Saudades____beijos!!!

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