domingo, 6 de março de 2011


Me esqueci, nestas vagas de vento que me perturbam o rumo e encaracolam as forças. Navego sem água, voo sem asas, conduzo sem destino neste mar amplo, raso e delirante.
Os meus olhos não avistam um porto, qualquer outra enseada onde a ânsia descanse. No olhar só tenho ondas e inundado percorro-as na lente de um horizonte. Esqueci-me do quadrante.
Faço remos dos meus braços, de velas encho o peito; Sou timoneiro da minha aflição. Estupidez, navegar onde penso ser mar e nem sequer tenho embarcação.
Esqueci-me das gentes, dos seres que tanto me fazem padecer; Também das minhas convicções, outrora chamadas de razões e onde camufladas escondi uma mochila imensa de ilusões. Andar aqui, à deriva, é uma sofrida negação.
Os meus olhos avistam um mar, imenso de oportunidade; Do meu peito sai um grito mudo porque se sente privado de honestidade. Ainda que sem armas, embarcação, rumo ou condição, não sei como, permaneço a navegar.
Vou para lado nenhum, onde o chicote dos dias não me castiga a vontade e não tenho que mostrar compatibilidade. A minha convicção é concebida pela teimosa noção de que ainda que verde tenho condições para navegar. Mas isto o que avisto não é o mar.